domingo, 24 de fevereiro de 2013

Autobiográficas



Lembro-me de ser criança e de sentir-me muito semelhante ao que sinto hoje em diversos aspectos, como quando a minha irmã brincava de mágica. Ela pedia que eu fechasse os olhos para fazer alguma coisa sumir. Fosse um brinquedo, um doce, ou a lua, minha irmã tinha o poder de fazer qualquer coisa sumir, mas para a mágica dar certo eu tinha que fechar os olhos sempre.
Nunca desconfiei o que para qualquer um seria óbvio, que ela escondia as coisas quando eu fechava os olhos. Porque eu nunca vi motivos para desconfiar das pessoas.
É claro que hoje, tantos e tantos anos depois, a minha irmã não brinca mais comigo de mágica. Mas vez por outra ela aproveita da minha completa incapacidade de perceber mentiras e conta alguma coisa mirabolante, completamente fora do que qualquer um acredita, por brincadeira. É claro que com os anos eu aprendi que ela não está dizendo a verdade, mas apenas pelo padrão, tanto que sempre acredito nos primeiros segundos.
Não culpo a minha irmã, deve ser mesmo divertido conseguir enganar alguém sempre da mesma forma.  Mas eis que chega um momento na vida que tudo isso cansa. Cansa ser enganada, cansa ter a sua boa vontade usurpada. Ainda que haja o cansaço, nada muda.

(12/11/12)

Nenhum comentário:

Postar um comentário